Escrito por Mayara Gonçalves
No Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, tenho mil coisas que gostaria de falar, mas nesse momento, o que me chama atenção é o quanto a discriminação nem sempre é óbvia.
A gente ergue uma bandeira de diversidade com mais facilidade do que lida com ela no dia a dia. Caímos na ilusão de achar que o racismo vai ser escancarado, que não haverá dúvidas e que sempre será óbvio o nosso posicionamento. Ahh minha gente, mas há sofisticação nessas engrenagens.
Há sempre uma desculpa, um “não foi bem assim”. Há o “foi só um jeito de falar” e um “mas não é para tanto”. Há o “foi só um erro” e o “mas vai dizer que você nunca fez isso?”. Há sempre um tanto de gente disposta a duvidar, preocupada em ter certeza se foi isso mesmo. Há um medo sistemático de usar o nome que a coisa tem, é sempre aquele que não deve ser nomeado.
E se a gente tiver fazendo tudo certo, ainda haverá um puta desconforto. Pra todos os envolvidos. Pra todos que precisarem fazer algo a respeito. Pra todos que ouvirem falar. O desconforto é tanto que a gente não rotula, com medo de encerrar o debate antes mesmo dele começar. É indigesto, porque nem tudo a gente consegue temperar.
Que nesse dia 21 a gente lembre de jogar fora o que não serve, ao invés de tentar requentar e seguir engolindo.